quinta-feira, 11 de março de 2010

Homem na cozinha





Tem coisa mais irritante que homem na cozinha ?
Pois os moços passaram séculos longe do fogão e, como não poderia deixar de ser, no momento em que colocaram os pés 44 naquele território, viraram todos chefs.
Você dá o maior duro azarando o cara, finalmente, descola um convite e sai de casa crente que "quer jantar na minha casa?" significa "oba, vai rolar sexo".
Toca a campainha vestida para matar e sem calcinha sob o modelón vermelho, levando debaixo do braço aquele tinto francês que comprou no supermercado seguindo seu infalível critério de "rótulo bacaninha que lembra gravura art nouveau do Alphonse Mucha".
Aqui, primeira dica importante: não ouse dizer que o vinho veio do Carrefour, senão você vai ouvir uma longa preleção mais ou menos na linha "eles deixam as garrafas em pé... blablabla... vinho europeu não viaja bem... blablabla... a rolha resseca... blablabla..." (se rolar, não esqueça de abanar a cabeça concordando com ele, combinado?).
Também nem tente argumentar qualquer coisa confiando naquele curso de degustação de vinhos que você fez há quatro anos, lembra? Lembra nada. Você saía totalmente chumbada de lá todas às vezes.
Pois para sua decepção, quem irá atender a porta será uma criatura com ar grave de alquimista prestes a descobrir o segredo de Midas, reclamando da dificuldade de se encontrar uma boa pimenta jamaicana, segurando uma bugiganga Le Creuset de tirar a pele de legumes, embrulhado em um avental imenso, engomado, com monograma bordado, imaculadamente branco e, para o seu azar, sem aquela abertura atrás - e você, louca pra vê-lo cozinhando um miojo de bunda de fora, né? Confessa.

É compreensível, meninas. Os homens estão sofrendo de uma espécie de novo-riquismo culinário. O gourmet requintado em que ele se transformou ontem jamais passaria pela humilhação de pilotar um fogão como o seu, cujo máximo de avanço tecnológico é a lâmpada amarelada do forno. Não, ele torrou 22 mil dólares num Ilve italiano de sete bocas, com grelha, chapa infravermelha para aquecer comida e dois fornos programáveis.
Fazer as poções mágicas em panelinhas com teflon pra lavar mais facilmente? Seria muita pobreza para quem comprou uma poissonnière de cobre com interior revestido de estanho, só para fazer peixes no vapor ("uma pechincha, 250 dólares").
Conjuntinho de facas como aquelas que você ganhou de presente da tia-avó no primeiro casamento? Jamais. No entender dele, nenhuma matéria-prima de manjar dos deuses merece menos que facas artesanais Zakharov com cabo de osso e madeira.

Duas horas e meia depois, o jantar está servido. Sabe aquele frango refogado que você faz em vinte minutos, jogando um punhado de temperos a olho? É mais ou menos isso, só que coberto por uma finíssima fatia de manga, arrematada com umas três ou quatro lascas de gengibre. Isso se não vier acompanhado daquele molho de ervas que não combina com nada e ele insiste em colocar em tudo. E pensar que você estava rezando praquela manga virar sobremesa, escoltada por uma bolota de reles sorvetinho da Kibon... conselho de quem não quer que você arruine definitivamente a noite: tem de dizer que ele tá "ali, ó" com Emmanuel Bassoleil. Não, melhor ainda: foi um prato comparável ao poulet do Paul Bocuse.
Fim do banquete, vá arregaçando as mangas para ajudar a lavar louça. Se deixar por conta dele, serão mais duas horas esfregando as três panelas de cobre, duas de pedra sabão e o processador de alimentos que sujou 17 peças pra picar salsinha, equipamentos rigorosamente necessários para cozinhar uns 250g de frango.

Hora do café, hora do relax, certo? Pelo menos agora você finalmente vai experimentar a tal griffe Illycaffè, que ele paga uma nota preta sem imaginar que o elogiadíssimo blend tem cerca de dois terços de café brasileiro. Quando a água ferve, ele grita e de um salto chega ao coador. Queimadura? Não. Puro horror, porque "água para café não pode ferver de jeito nenhum".

Que saudades daquele tempo em que cozinhávamos com um "ajudante" tarado, encoxando a gente na pia...

Texto extraído do http://www.rainhasdolar.com/rainhas.php

quarta-feira, 10 de março de 2010

BBB NA ANA MARIA BRAGA


Tocarei num assunto delicado e polêmico. Tipo religião e time de futebol.

Uma vez ouvi de uma colega o seguinte:

"_Gosto não se discute: tem o bom gosto e o mal gosto. E ponto."

Na verdade, independente disso, acredito ter o direito de escolher por não assitir essa/esse...

Mas não é isso que acontece. Esse programa invade as programações normais (se é que tem alguma nessa emissora) com flashes dos acontecimentos da noite anterior, da discussão de fulano com sicrano, das gritarias de uma gralha louca bípede.

PQP sinto uma puta raiva disso. Se eu quisesse saber das putarias e brigas e falsidades e aquela porcaria toda, ficaria acordada sentadinha no sofá a espera do programa.

Não gosto de BBB, nunca assisti a um, e desconfio do gosto de quem gosta.

Não peço desculpas pra ninguem por escrever isso, pq seria mentira.

Agora pra piorar, os ex BBB viraram todos terapeutas e psicologos formados. Dão palpites no comportamentos dos colegas que lá estão durante o programa Mais Você.

É piada? Posso rir?

A televisão tá muito apelativa. Qualquer coisa pra aumentar a audiencia, mas não acho que eles estão errados não.

São empresarios do dinheiro. Culpados são os telespectadores que gostam de ver tragedias, brigas em familia, mortes, acidentes e misérias.

domingo, 7 de março de 2010

Todos os dias são "o nosso dia"




Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda